Antes de contar como dei a boa nova aos amigos e parentes, preciso falar do momento único que foi minha primeira consulta a obstetra, Drª Bernadete Borges (a única que se dispôs a me atender como encaixe devido ao meu sangramento). Gente, ali cada vez mais caia a minha ficha de que "tô grávida, vou ser mãe!". Quando cheguei lá acompanhada da minha amiga Susana (que quase enfartou com a notícia, afinal a parceria de anos de sirigaitisse fazia acreditar que jamais esse dia chegaria) me sentindo completamente fora do contexto, já não vestindo mais minhas habituais roupas (esqueça os saltos altos, esqueça as roupas apertadinhas!) e muito menos sem saber o que falar.
Após me examinar ela perguntou se eu trabalhava e quando respondi que sim mandou ficar de repouso absoluto "pôxa Drª, sou contratada e faltar agora significa a não renovação do meu contrato." e simples assim ela respondeu "Você tem que pensar no seu bebê, a escolha é sua." Pronto nesse momento foi jogada nos meus braços toda a responsabilidade das decisões da futura mamãe. Primeiro ato de entrega,vestir o uniforme de mãe e arcar com as consequências enfim "padecer no paraíso".
Essas palavras não me saem da cabeça porque mesmo confessando que cheguei a pensar em não seguir o repouso recomendado talvez uma maneira de tirar de mim a responsabilidade de um tal "aborto espontâneo" nasceu ai o instinto da mãe, os primeiros sinais de amor por aquele frutinho inesperado e "dane-se o mundo, parem tudo que agora o momento é dele e se Deus mandou farei de tudo para honrar tal dádiva!".
Deus é tão bom, a minha certeza que a vinda desse bebê é uma bênção em nossas vidas é tanta que mesmo ficando ausente no mês seguinte meu contrato foi renovado sim e fiquei até quando podia ficar.
Foi nessa consulta que descobri que já tinha ganho 2kg também andava comendo muito. Os quadris cada vez mais alargando (acho que todo o meu peso está nele) visivelmente e só reparava nos seios. Certa vez me arrumando pra sair minha avó comentou como estava "quartuda" e nem imaginava o que seria...
Papai Antonio tratou logo de fazer uma feira com tudo de nutriente pro bebê se alimentar, até hoje é muito bom ter esse "argumento" poder dizer "pôxa gato o bebê tá pedindo isso" rsrsrs... não deixa de ser né?
***
Gente é incrível como convivemos com certos tabus desnecessários e hipócritas! Fico relembrando aqui a minha covardia em poder contar aos meus familiares da minha gestação. Familiares que falo: mãe, avó, pai e irmão. Tanto que pela minha falta de vergonha (ou excesso dela) quem se encarregou de espalhar a notícia foi minha irmã, com excessão do meu pai que esse é outra história, ou melhor, outro capítulo!
Fico pensando o porquê desse meu comportamento, será mesmo que acreditava que essas pessoas me viam virgem aos 28 anos e com um relacionamento de 6 anos (fora os anteriores)? Será mesmo que alguém se chocaria com essa notícia "tão bombástica" que me fez acovardar e delegar a função para Têtê?
Na mesma noite ela se encarregou de ligar para o meu irmão que também foi só alegria ao receber a notícia tão tarde da noite (passava das 22h) e me encheu de palavras de conforto junto com o meu digníssimo cunhado "Rei-nan". Depois foi a vez de Dona Célia, no primeiro telefonema a reação dela foi de espanto principalmente preocupada com a reação de meu pai mas no segundo telefone (3 segundos depois) a preocupação de mãe e o filem de avó além do seu coração de ouro mandou que ficasse de repouso e me cuidasse que no outro dia marcaria uma médica para mim.
Outra pessoa que ficou radiante e soube na mesma noite foi minha sobrinha Débora Helena, acho mesmo que esse baby veio da insistência dela em ter uma prima, viu? Mas como sua língua é maior do que a boca, pedimos para que ficasse calada pois o "seu avô" ainda não podia saber "mas por que mãe?" rsrsrs... situação embaraçosa para uma mãe de pré-adolescente né?
As duas últimas foram minha vozinha querida Nalva (graças a Deus tive a oportunidade de dá-lhe um bisnetinho mesmo que não esteja agora conosco para acompanhar a minha gestação e nascimento do meu lado físico mas espiritualmente sei que estar sempre aqui do meu lado) e meu papy pois com esse teria que ter um "papo de mulher" e antes de encara-lo precisava saber o que faria da minha vida tipo "problema e solução" seja qual fosse a "solução".
E agora papy!?!
Em meio a tanto apoio que encontrei, não só da família mas de amigos queridos, conhecidos e até pessoas que não gozava de nenhuma intimidade ainda precisei resolver os meus conflitos internos e acertar os ponteiros com Antonio. O que faríamos? Casaríamos? O que eu bem sabia: não tiraria jamais (e que fique claro que em nenhum momento ele cogitou essa possibilidade) e se não assumissimos a situação como dois adultos também não continuaria com um relacionamento adolescente "eu na minha casa, você na sua e fim de semana a gente se encontra".
Amor nunca nos faltou mas sempre curtimos nossa vida na casinha de papai e mamãe. O descompromisso, os mimos, as facilidades, os luxos... eu consumista, ele mimado... Enfim, abrir mão disso doía afinal o novo na frente era radical demais. Além de não termos construído NADA! Mas decidimos, mesmo sem a data que casaríamos e recebemos muito apoio somos abençoados pois não é todo mundo que pensa em casar e tem essa estrutura toda. Tenho uma tese para essa nossa história, é como se Deus tivesse mandado essa criança para nós no sentido de decidir por nós o que passamos e passaríamos ainda mais para decidir. E como a presença de uma criança não pode significar desgraça na vida de ninguém, do dia que decidimos até hoje só recebemos graças.
Falava muito para Antonio, que certinho em seus compromissos financeiros temia a responsabilidade do lar e deixei muito claro para ele que mesmo sem uma renda mensal fixa ele jamais iria arcar com as despesas sozinho pois nunca quis depender de marido, se fosse assim, preferia mesmo ficar dependendo de meus pais na casa deles como sempre foi a vida e lembrei que já não devíamos mais pensar em nós ou qualquer outra coisa mas no baby que não poderia pagar de vítima dessa história e como nós dois fomos criado com lares estruturados seria frustrante não poder dá esse direito ao nosso baby. Que independente de como viveríamos, acredito que estar ao lado da mãe e pai seria o melhor que podíamos fazer por ele pois bens materiais se conquista. Teríamos que focar nas coisas que realmente interessa nessa vida.
Foi muito difícil no inicio, ficamos muito sensíveis e tudo parecia um drama mesmo quando não se tratava de um drama. Muito difícil se desligar de comentários maldosos que soavam estranhíssimo para mim, afinal cadê toda aquela alegria que meus amigos e parentes tinha dito? Como conseguir assimilar bem o fato de algumas pessoas não conseguir vê a beleza da chegada de um novo ser que só irá trazer felicidade e que foi feito com amor apesar de não programado?
Mas tomamos nossa decisão, iríamos casar faltava agora encarar o velho...
Mas tomamos nossa decisão, iríamos casar faltava agora encarar o velho...
Wanessa Vila Nova (Mãe Loira)
3º CAPÍTULO: Papa Don't Preach! ___ |Agora Mãe Loira.
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